quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Ontem, nas horas mortas, resolvi procurar um cartão telefônico em meio a minha bagunça cotidiana para saber notícias da viagem com o Arthur. A casa estava oca, silenciosa como se fora outrora a casa de um velho senhor, cujo os móveis ainda estavam intactos.

Procurei o cartão na pasta de documentos e achei um dvd com fotografias de três anos atrás. As imagens em pixels na tela côncava da tv evidenciavam em forma e conteúdo a impossibilidade do palpável.

Na sua virtualidade, não tinham textura, cheiro ou mesmo aquele-tom-amarelado-tão-charmoso das fotografias, envoltas no papel de seda, no quintal da casa de vovó Isabel.

No entanto, o paradoxo estava nas marcas inscritas nos rostos, nos corpos, nas relações, na dissolução dos laços, nos nós cegos atados no tempo que se seguiu.
De súbito, tive a sensação de vislumbrar os instantâneos do que foi o último suspiro de uma época de contentamento.

Talvez, em decorrência de alguma conjunção astral, a configuração dos destinos mudou. Neste ano, eu engravidei, saí de casa, arrumei 3 empregos e a minha vidinha confortável virou pelo avesso.

Foi neste ano que pessoas queridas se afastaram e romperam umas com as outras. Foi ao final de 2008 o último reveillón que passamos todos juntos em Teresópolis, a última vez que visitei Petrópolis e bebi aquele chopp preto com você no D´Angelo.

Foi o último ano em que dividimos a vida com aquela fé bonita e ingênua no futuro.

Os sonhos criaram bôlor. E as pessoas também.