terça-feira, 27 de novembro de 2018

Acho os iluministas lindos. A ideia de futuro, progresso, o conhecimento do mundo, a enciclopédia como um livro-mundo. A humanidade podia ter parado aí.
Acabou o cigarro: não mais existo.
Tenho conversas profundas com uma carcaça sem batimentos cardíacos. E aquele fragmento de self que ficou, você afoga no álcool. Sou um "brinquedo" inteligente.
às vezes me vem uns momentos de lucidez nessa confusão mental. às vezes mergulho naquele abismo e penso em tudo que nós poderíamos ter sido. E se, e se, e se. Com você nunca poderia ter sido diferente do que foi, nem se eu fosse diferente do que sou. Mais uma, menos uma: tanto faz. Penso em todos os monstros criados no XIX, juntinho com o capitalismo industrial, como um prenuncio da nossa era. Drácula, Frankstein, dr. Jekill. E o que não falta é metáfora para te descrever. A agonia é pensar no vazio.O seu e agora, o meu.
Das vantagens da ruivisse:  os novinhos tudo te paqueram.
Das vantagens da fluoxetina: o mundo cai na sua cabeça e nada te altera, você emagrece, você pode beber.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Quando você foi embora há 10 anos atrás e saiu da minha casa deixando esse buraco enorme na minha alma, vivi no escuro durante muitos anos. E a imagem que vem à mente é a de um grande jardim com flores coloridas e árvores com grandes copas em variados tons de verde. Nunca quis provar a você que fiquei melhor sem você, nunca quis te dar o troco. E todo aquele amor que eu senti, um amor exuberante, profundo . Tô aqui tentando me lembrar dele. De toda aquela devoção e daquela grande fé no futuro e de toda aquela felicidade e completude por amar alguém e ser amada de volta. Estava tão leve que podia voar. Esse amor era meu. E esse amor era eu.

Sobre a felicidade em gotas.

Marilena Chauí diz que a depressão é uma forma de resistência ao neoliberalismo. Fluoxetina. Serotonina. Neste mundo moldado segundo a arquitetura do falso. Compremos a felicidade na farmácia. Duas gotas de felicidade por dia.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Descartes

"Sinto, logo existo."

Sobre o sociopata que amei.

Hoje comprei um livro de poesia de uma indiana. Um livro que me traduzia. Quando a psicanálise não dá conta, só a literatura me salva e humaniza o monstro que é você. É necessário humanizar, mesmo que você dê nome de gente aos bichinhos que coleciona e trate como um bichicnho as mulheres com quem se relaciona. È necessário humanizar a sua violência. Saí tragando um cigarro sob a chuva fina e vendo imagens que derretiam sob a luz nas ruas de vila isabel.
É noite. Aconchego.


Sobre amar um sociopata.

" tentei fugir tantas vezes mas
assim que eu dava as costas
meu peito sucumbia ao peso
eu voltava ofegante
talvez por isso te deixasse
arrancar minha pele
qualquer coisa
era melhor que nada deixar que me tocasse
mesmo sem gentileza
era melhor do que não ter suas mãos
eu aguentava o abuso
eu não aguentava a ausência
eu sabia que queria vida de uma coisa morta
mas não importava que estivesse morta
porque pelo menos
era minha

-vício"

Rupi Kaur

domingo, 4 de novembro de 2018

Cigarros, tarot e a escrita. No princípio fez-se o verbo e do verbo fez-se catarse. Caí do céu quando vendi minha alma ao diabo. Ele deveria ter me avisado que era só prostituição. Me sentiria mais digna. O problema de um acordo comercial com demo é que não é o seu corpo que interessa a ele.





Então numa encruzilhada, em Julho de 2014, encontrei o demônio. E ele me disse: "Te dou o que quiseres."  E nas letras miúdas do contrato estava escrito: "Mas, terás que pagar como eu quiser."