segunda-feira, 23 de julho de 2007

Sobre a morte da arte

Os dias de tristeza se foram. Aqueles anos de melancolia em que se sentia como um côncavo em preto e branco de alguém que vislumbra o tedioso ir e vir das ondas do mar. Ela não era mais uma fotografia na parede.

A claridade daquelas manhãs de cinza machucava seus olhos noturnos e cansados das letras de algum romance doce. Depois de sentir a virtualidade do gosto ancestral de terra na boca de Rebeca ou identificar-se com a tristonha cicatriz na mão de Amaranta, ela finalmente havia se libertado do vazio de experiência em que consistia o hábito de ler.

A literatura de nada lhe servia a não ser para atrofiá-la entre as duas metades do livro. E presa àquele mundo ideal, sufocava. Era Madame Bovary e do ponto em que estava, mirava seu horizonte até a página 350. O romance que falava acerca de uma leitora de romances que sonhava em ter um amante como aquele que lia nos livros. A sua consciência acerca da solitária experiência burguesa não aliviava o peso de se saber morta.

Tinha repulsa por aquele círculo de cadáveres letrados que a rodeava. Gostava de arte, mas abominava os artistas da sua geração. Era uma gente culta, sofisticada, muito branca e cheia de amores mal resolvidos que não doíam. Era de uma intensidade que soava aos seus ouvidos mais como melodia em tons pastéis do que as notas em vermelho acrílico de um Blues. O amor era útil para simular o amor: era morno, incolor, inodoro; era matéria-prima a ser lapidada.
Fora criada entre o tilintar das taças de vinho branco das vernissages e exposições do Rio de Janeiro e a simplicidade do leite gordo, espumoso e suculento do interior de São Paulo.

Estrangeira, percebia-se como um hiato entre o tempo vagaroso de seus avós e a velocidade instantânea de seu tempo.

Imaginava Madame Bovary como uma personagem criada em tempos de internet: seu amante moraria do outro lado do mundo e provavelmente não apenas o hábito da leitura seria solitário. E na era da comunicação, nada ou quase nada existia para ser dito que não fosse em primeira pessoa.
Percebia a morte de um sonho coletivo de transformação que escapasse ao movimento centrífugo da arte em torno do próprio umbigo dos artistas.

Entre os desencontros de algum romance argentino e o cinismo daqueles egos que revolucionavam como os astros a literatura, ela preferia o silêncio. Se ao menos, algum desses escritores renunciasse ao mundo como Kafka, Borges ou Lima Barreto, estaria justificada tamanha afetação ao falar sobre si ou sobre Arte.
Tudo lhe parecia uma encenação num bar-cenário: a cadeira de madeira do bar, a cerveja quente sobre a mesa de mármore, o violão a tira colo, a descontração, os dois botões abertos da camisa listrada, a fala simples e mansa, um baseado, duas carreiras, o retrato de Pixinguinha na parede,Mil Platôs amarelados embaixo do braço e entre um gole e outro a confissão sobre o sofrimento que é escrever, da sua procura por isolamento e calma e de um projeto novo e ambicioso que está desenvolvendo.

Não sabia em que genêro encaixar aquela representação anacrônica e mal-acabada do flaneur. Entre a comédia e o drama, ela desejava um só defecho: a morte do escritor. Deslizou o zíper da bolsa de couro cru introduzindo sua mão no forro marrom, retirou um canivete suíço que ganhara no natal de 1997, escutou a marcação de seu pulso e num ato involuntário, cortou a garganta de seu interlocutor num só golpe. Com o rosto rubro pelo sangue do criador, ela finalmente pôde sorrir.

40 comentários:

Anônimo disse...

me pediram pra fazer um comentário reacionário. então: "jorge amado é bom pra caralho".

O Nome da Rosa disse...

Só a Anna Paula vai entender esse texto. HAHAHAHAHA

animal metafísico diz:
mas o barthes ja matou o escritor
animal metafísico diz:
ehehe
animal metafísico diz:
e ja ressucistaram ele
Erica diz:
só podia ser quem a ressucitar !
Erica diz:
coloca isso nos comentários quando eu postar
animal metafísico diz:
nao entendi
animal metafísico diz:
auhahu
Erica diz:
HAHAHAHA
Erica diz:
reaça


******** Reaça é o Barthes, mané!

Anônimo disse...

achava que o barthes era apenas um francezinho covarde e crianção.

*corrige os erros de ortografia ae.

O Nome da Rosa disse...

animal metafísico diz:
e ja ressucitaram ele *

Corrigi. =)

Anônimo disse...

Na verdade seria legal se eu a descrevesse em detalhes esfaqueando o escritor. Como sou uma ignorante em anatomia, podia descrever o corte no pescoço e olhor de pavor dele. (Eu tô sinistra).

Anônimo disse...

olhar*

Texto não tem fim. Odeio essa merda, odeio literatura, odeio escritores, odeio os meus livros e odeio este blog.

Anônimo disse...

textos não têm fim. regra número 1, poxa. vc achou o quê?

só não precisa de tanto ódio no coração. isso faz mal. bebe uma coca normal.

agora vou ter que pedir a anna que explique o texto.

o escritor sempre se enforca. o problema é que a gente gosta de cultuar cadáver.

Mauro Amoroso disse...

Tb achei sensacional. E só disse uma vez. Mereço um pescoço cortado? Só que ao invés do canivete suíço de 97 (tétano mais letal que a hemorragia...), prefiro uma ginsu 2000.

Anônimo disse...

Matei o escritor porque não aguentava mais o texto. ^^ Mas depois fiquei pensando na cabeça dele dependuranda no pecoço falando comigo. Esse tipo de Cadáver fala.

Todos os escritores merecem a guilhotina. =)

Anônimo disse...

... sinto o frio do aço na minha garganta e antecipo a jugular burbulhando, tranquila, logo depois a carótida, em golfadas largas, como as cataratas do Iguaçu ( que eu nunca vi )tingidas de vermelho, a Argentina ali ao lado, Borges acenando-me com a sua bengala e eu já cego, perdido no labirinto dos espelhos, sorrindo para ela: a minha terna assassina!

Anônimo disse...

nooossa... mesmo a gente já tendo falado bastante sobre esses incômodos (literatura tem sido o assunto habitual, embora recente, cá entre nós, já tivemos preocupações mais relevantes), gostei muito (muito!) da forma como você se colocou no texto. o mais divertido e ver como você pegou a manha da escrita literária e está convertendo o veneno em antídoto (contra a afetação, a maior perda de tempo que eu conheço). você sabe o quanto eu abomino a presunção dos artistas, mas, no fim das contas, isso não faz diferença nenhuma na minha vida. pelo menos não deveria fazer. como diz a meca, se me incomoda tanto é porque de alguma forma diz respeito a mim, neste caso eu prefiro acreditar que o motivo é eu costumar levar muito a sério a autopromoção dos outros. em terra de analfabetos, a tal vaidade da leitura/escrita torna-se ainda mais desprezível. adorei a morte do escritor (e seu caráter exorcista). melhor ainda é ver o feitiço virando contra o feiticeiro (aquele ilusionista que tentou te engabelar). você fazendo literatura da sua aversão ao excessivamente literário: experiências virtuais, existências mediadas. também acho esse papo de “isolamento necessário à criação” uma bobagem sem tamanho. não deveria ser o contrário? arte boa é arte contaminada. cortázar sabia disso. quem não sabe são os que você identifica como discípulos dele, absorvem a forma para dissertar sobre seus vazios pequeno-burgueses. eu, de verdade, acredito num ethos de classe, ainda que me saiba cada vez menos orgânica.

ps: agora, tu também sabe que parou mal, né? é notório: a argentina é uma grande escola de arrogância (he,he,he).

Anônimo disse...

Pois é, Anilda!!! Eu não aguento mais esta "pourra" de literatura e de textos falado sobre outros textos.
Mas tb tô meio de saco cheio de gente que mete o malho no sistema, mas fuma o cigarro do sistema, bebe a cerveja do sistema, usa windows e defende tanto a liberdade individual que chega a ser de um egoísmo ímpar.

Resumindo: estou cansada de discursos vazios.

Anônimo disse...

excelente texto, sobretudo a ambiência filme noir: dá para imaginar anjos caidos num bar fora de horas, o arrumador empilhando as mesas, um piano bêbado de blues, o detective manhoso, o solitário aspirante a escritor, sedutor e pedante, a dama ao balcão, envolta em vapores de alcool e fumo de cigarrilhas...e inesperadamente um guarda suiço vestido a rigor, entra em cena e pergunta: - alguém viu o meu canivete? ;)

P.S. Adorei o seu texto, mas acho que esse discurso aí em cima é muito pessimista! Há sempre um LINUX para quem quizer saltar fora...

Anônimo disse...

O discurso de cima é dirigido a uma pessoa específica. E eu falei sobre o windows, justamente pensando no Linux. =P

Anônimo disse...

Pô Anna, parei mal não. Cortázar não tem culpa dos discípulos que arruma e nem Borges. hehe
Depois que eu decifrar guimarães rosa, talvez a literatura brasileira me cause tanto encantamento quanto a argentina, ou mais. ;)

Anônimo disse...

vê, eu estou lendo o segundo livro seguido de um argentino discípulo de manuel puig, que você deve saber discípulo de quem foi. tô achando ouver (não necessáriamente ruim, entenda, mas um pouco asfixiante, e a intenção deve ser essa mesmo) o excesso de imagens, associações, comparações, reflexões, desvios, devaneios em torno de vidas tããão angus-tia-damente frívolas. é o que a classe média chama de intensidade. o texto é bom, muito bom, não posso questionar isso, aliás, quem sou eu, que vim me interesar por ficção há tão pouco tempo e de um modo tão leviano. mas já sinto saudades dos cubanos, os cubanos, érica, desrrecalcados, estratégicos e carentes de proteína.

ps: "a alegria é a prova dos nove!"

ps': eu sei, eu sei, a melancolia não é só argentina.

ps'': o tal autor portenho até que é bonitão, viu? estava pagando de escritorzinho difícil na flip. difícil?! difícil é guimarães rosa!! ha,ha,ha,ha!

Anônimo disse...

[ironia] A Argentina não tem pobre e é quase a França, por isso que eles podem falar de amores mal-resolvidos o tempo todo e ficar nessa punhetagem de metalinguagem [ironia]. Larga esses cubanos viadinhos contra-revolucionários!!!!!! huahauhauahuaha
Nem sei de quem Manuel Puig é discípulo, deve ser de Borges [como todo mundo depois dele na Argentina hehehe]. Zuação. TH deve saber. Pô mas eu não gosto dos argentinos melancólicos, não. Borges é assexuado. Pra falar de amor, eu gosto mesmo é de Gabriel Garcia Marquez que é Colômbiano, comunista e amigo do Fidel. huahauha

Ps. "Difícil é Guimarães Rosa". Difícil pacaralho: não dá pra ler no metrô. haha

Ps2. Vc está falando do Aira? Anna Paula, tu vive falando mal, mas não pára de ler esse ráio dessa gente.

Ps 3. Eu não tô tendo tempo para ler mais nada do que eu gosto. Tô ficando puta com isso. Queria ler mais sobre teoria da literatura, não tenho tempo pq tô afundada em História. Além dos livros didáticos, claro. =P

Anônimo disse...

Vem cá, não era pra tu estar escrevendo nada não?

AHHHHHHHHHH! Anna Paula, pare de ler essa gente que escuta tango e vá escrever sua TESE sobre SAMBA, agora !!!!



[economia de telefone]

=)

Anilda (L).


Ps. Eu tb não tinha que estar aqui. huahuahauhauah

Anônimo disse...

UP

Anônimo disse...

pelo papo da anna, eu entendi que ela tá lendo o Alan Pauls. errei, anna?

erica, eu não sei de quem manuel puig é discípulo ou quem é discípulo dele etc. quem tá lendo esse carinha é o amigo hugo, pergunte a ele.

preciso comprar cebolas. depois vejo o que respondo.

Anônimo disse...

Que amigo do Hugo?

Anônimo disse...

acertou, é alan pauls mesmo. estou lendo "o passado" mas não sei se vou conseguir terminar, a érica acaba de me lembrar do tema da minha "tese ainda por fazer"... eu mesma já tinha esquecido. sabe o que é, ericota, quatro anos é muito tempo pra me manter empolgada com qualquer coisa, eu sou volúvel (he,he,he). tem jeito não nêga, tudo vira tédio quando passa a ser obrigação. deixa eu ir que com essa lamentação toda já tô é beirando o fado: "coração independente, coração que eu não comando (...) se não sabes aonde vais, porque teimas em correr, eu não te acompanho mais!".

ps. o que significa (L)? não entendo essa língua!

Anônimo disse...

(L) significa coração. Acho pq é a inicial de love e no mns vira um código para coração.

Beijo muié.

Anônimo disse...

Ah tá, o Hugo que está lendo. rs

Anônimo disse...

pois é, anna, eu li esse dele (O passado. em que parte vc parou?

se depois vc quiser trocar figurinhas sobre, só falar.

mas entendi pq vc disse que ele era discípulo do puig. mas de quem o puig foi discípulo?

érica, por favor, deixe os emoticons pro msn; afinal, se lá eles já têm gosto duvidável. eheh

Anônimo disse...

Quando eu digo que você é conservador.

Meu querido, a Língua é mutável e se dependesse de 'vossa mercê', não existiria a fotografia, o cinema, a televisão, a internet, a fotografia digital...e falaríamos o Português arcaico que com certeza também já é derivado da corrupção de outra língua.

Quem é fã de Borges sou eu, hein...

=* = Beijo.

Anônimo disse...

mas, pô, a fotografia marca o declínio maior da nossa querida civilização hauhuauh

tudo isso só pq reclamei dos emoticons? Oo

Anônimo disse...

bom, não vou nem me aventurar nessa discussão, porque tenho até medo do que a érica chama de conservadorismo, já que eu sou o cúmulo da pós-modernidade segundo os parâmetros dela (he,he,he). ai de mim, a analfabeta virtual.

quanto ao pauls, li "wasabi", e, até agora, a primeira parte de "o passado". não tem grande distância de tom entre os dois. um escritor, um tradutor, a argentina, a frança; uma mulher, bonita, impulsiva, arrebatadora, mas ambígua; algum perrengue quase voluntário. ninguém simpesmente, sente, pensa ou fala alguma coisa, mas sente como se, pensa ao mesmo tempo em que, fala antes por do que para. dá pra sacar? disso aí dava pra economizar umas cem páginas. dava nada, é a razão de ser do negócio. mas não tô reclamando, juro, eu gosto. gosto dos parágrafos longos e da completa ausência de gratuidade (do texto, não das experiências descritas, estas muitas vezes são mesmo frívolas, o que também não precisa ser um problema).

o cara é declaradamente seguidor ou admirador do puig, pelo que eu sei já publicou um ensaio sobre a obra dele (que aparece em "wasabi" como de autoria da personagem principal). não sei de quem o puig era discípulo, falei disso porque costuma ser do interesse da érica, ela é muito melhor de análise literária do que eu, e é quem bem entende de argentinos por aqui (desta vez, sem ironia). adoro você neguinha, mesmo eu não sabendo desenhar coraçõezinhos virtuais. besos da hermana.

Anônimo disse...

nooossa, como eu sou espaçosa! foi mal...

Anônimo disse...

Eu nunca li nada do Puig, nem vi o "O beijo da mulher aranha', a única coisa que eu sei dele é que era fã de um tipo de escrita kistch, à moda das novelas e era gay. Only it. Mas de literatura argentina amo de 'paichón' mesmo só o velhinho cego, apesar de ter lido outras coisas do país e ter gostado bastante. Mas existe sempre GGM pra nos salvar dessa melancolia toda. Th sabe muito mais disso que eu.

Mas é bom trocar figurinhas.

Beijo Anna.

Ps. Eu não aguento mais escrever sobre teorias racistas do início do século, to morrendo. Como é que de repente, historiografia se tornou um forma de escrita tão chata? aff...É por isso que eu tomei tRaUmA do Llosa e acho que sobre Euclides da Cunha todo castigo pra corno é POUCO.

Não vejo a hora de começar a ler Graciliano Ramos no metrô! ha!

Anônimo disse...

Pede desculpa pelo espaço não, a gente fala muito mais no telefone. hehe

Próximo texto postado, depois que eu ressucitar, será um pedaço daquele texto que vc me mandou, viu Anilda?

Beijo.

Anônimo disse...

Ps 2. Th, todo esporro em vc � pouco. huhauhauhauah

[brincadeira]

Ps 3. Pode escrever o quanto quiser, Anna. Adoro quamdo vc escreve aqui. =*

Anônimo disse...

quando*

Anônimo disse...

érica, tu realmente gosta de querer me acertar uns tapas. eu sei, tudo por causa da minha simpatia e gentileza.

o GGM salva da melancolia porque é tão fraquinho que a gente não consegue parar de rir. (uhu!)

eu tb não li nada do puig, nem vi o filme e só soube que ele era gay porque a érica me contou outro dia. até onde catei por ai, o puig gostava duma escrita "cinematograáfica" etc etc.

anna, queria ler o 'wasabi'agora. tenho a impressão, por causa de comentários, que deve ser melhor que 'o passado'. gostei muito do livro, mas por um motivo que considero um dos piores motivos pra se gostar de uma obra: o da mera identificação, com os personagens, situações e talz. por outro lado, superando isso, achei meio fraquim: muitos clichês, capítulos desnecessários e descrições exageradas. te contrariando, huuh, acho bem que o livro poderia ser enxugado. parece que ele tinha o grande tema argentino nas mãos (o do homem sem a mulher amada) e se pergunta como deve construí-lo: como cortázar ou puig. escolhe esse último, com pitadas ralés do outro. não é à toa que virou filme, com o gael garcia como rimini, claro. quando tiver em cartaz, podemos ir todos ao cine. eheh

érica, vc vai brigar comigo por eu ter falando um tanto? huaauh espero que vc tenha guardado pra mim o que eu te pedi, por favor! uhauhahua

Anônimo disse...

Th, vc nem leu cem anos de solidão.

Como sabe que Gabriel Garcia Marquez é ruim? Aliás, isso é um padrão entre os leitores homens de Cortázar que eu conheço.

O amor nos tempos do cólera é lindo também. O cara é pop, é nobel mas é bom paracaralho, meu filho. Inclusive, porque cem anos de solidão consegue ser um romance que fala da história da américa latina e a maioria das pessoas nem percebe isso. Além da estrutura que é circular e anacrônica assim como o conteúdo. É perfeito demais. O livro fala de história, mas NUNCA vai ser datado. Das imagens que ele constrói...nem vou falar. GGM é phoda.

Anônimo disse...

Ps. Não li o Puig, mas GGM tem uma escrita bastante 'cinematográfica', dadas as imagens que ele cria. Além das aulitas com Fellini.

Ps. Postei a primeira parte do texto da Anna. Esse blog é lerdo demais....afffe.

Anônimo disse...

e o que tem que 100 anos é uma espécie de história da américa latina?

o roberto bolaño foi um dos que combateram essa folclorização da américa latina.

mas acho que a linguagem "cinematográfica" que cada um de nós se referiu, é uma coisa. e, como se sabe, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.

'o amor... do cólera' é realmente um livro muito bonito. mas que tal ler 'pedro páramo'?

Anônimo disse...

Eu não li Pedro Páramo. Mas a idéia de folclorização da américa latina está embutida na críticas de todos os novos escritores hispanos americanos, porém, mesmo que a narrativa da geração MACondo, seja marcadamente urbana, condizente com com o nosso atual contexto, essa nova geração não tem projeto, não tem utopia, talvez daí o alto teor de melancolia de seus livros e o que a Anna Paula chamou de 'frivolidade'. Outro ponto é o exagero nessa colocação sobre a 'folclorização' de que vc falou Acho que os anacrônismos de GGM são perfeitos no que diz respeito à simultaneidade de tempos que vivemos aqui. É a carroça convivendo lado a lado com automóveis, ruínas convivendo com prédio moderníssimos ou como disse caetano veloso "Aqui o que é construção já é ruína".

Além da forma. 100 anos de solidão é perfeito, perfeito!

Anônimo disse...

li este livro quando tinha uns catorze ou quinze anos (eita,faz é tempo!) e completamente por acaso. encontrei na casa da minha vó, gostei do título e embarquei. o único livro de ficção que eu lembro de ter lido mais de uma vez na vida. ainda estava longe de me preocupar com essa história latino-americanidade, por isso o que me comoveu foi o enrredo e as personagens mesmo. e aí, thiago, eu confesso que até hoje minha relação com filmes e livros é afetiva. geralmente sou arrebatada e quase sempre esqueço de prestar atenção no sublinar. por isso não vejo problema em você se identificar com as personagens d'o passado, só sinto um pouco de pena de ti (he,he,he). tô brincando, eu também me identifico com algumas daquelas aflições, se não, não conseguiria ler o livro, mas a maior parte da narrativa me toca é por repulsa mesmo. vi o trailer do filme em paratí e vou querer assistir. embora o gael garcia não seja exatamente o Rímini da minha imaginação, a presença dele é garantia de que não vou jogar dinheiro fora (mais risos, desta vez sim, maliciosos). vê ericota, tô há séculos marcando livros com um prospecto que não lembro mais onde peguei, mas que peguei pra você. é de uma conferência sobre cem anos de solidão, sexta e sábado, no instituto cervantes. te passo mais tarde no cinema. me lembra! até lá.

Anônimo disse...

Muito bom, erica!!! Esses desencontros com meninos problemáticos que gostam de Cortázar ainda vai te dar o Jabuti, pode ter certeza!!!
bjs
Meca